quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Meninas de 10 a 12 anos vivem os conflitos da passagem entre infância e adolescência

Deborah, 11 anos – quase 12 -, espalha as bonecas no chão para organizar a brincadeira com as amigas do prédio. Flávia, 10 anos, chega logo em seguida com os outros brinquedos e monta a "escolinha" provisória. Isabella e Aninha, as duas na mesma faixa etária, também sentam na rodinha, cada uma com a sua "filhinha" no colo. Quando por fim a diversão infantil vai começar, elas iniciam uma discussão adolescente sobre "os garotos mais lindos que já viram na vida".
A mistura entre as coisas de criança e coisas de mocinha faz parte de quem tem lá seus 10, 11, 12 anos. Muito novas para estarem na turma dos jovens, elas também já têm certa experiência para continuar no grupo das criancinhas. Algumas enxergam as mudanças no corpo, outras precisam pensar sobre o que fazer quando a menstruação chegar. Tem menina que até deu o primeiro beijo, mas não entende direito as palpitações no peito quando o menino chega perto.
"Todos os dias eu preciso decidir se sou criança ou mocinha", fala Deborah Sogayar. "Quando eu brinco de boneca, acho que sou uma ‘criançona’. Já quando vou ao supermercado sozinha, penso que sou gente grande", completa Isabella Azevedo. "Às vezes, minha mãe diz que eu não posso fazer uma coisa porque sou pequena. Em seguida, pede para eu ajudar a lavar a louça porque já sou mocinha", finaliza Flávia Tisato.
Toda essa confusão aparece quando a puberdade feminina resolver dar as caras. "Na fase de passagem, as meninas podem ficar mais tristes, choronas e até agressivas", fala Leila Cury Tardivo, professora do Instituto de Psicologia da USP. "Os pais precisam respeitar. É fundamental não menosprezar as sensações (leia ao lado)."
Mas não são só os conflitos internos que explodem no período. O corpo ganha curvas e as temíveis espinhas aparecem. "A pele, por causa dos hormônios, é uma das primeiras a mostrar as mudanças", explica Valéria Petri, médica da Unifesp e chefe de dermatologia do Hospital Estadual Ipiranga. "É uma mudança estética que pode interferir na auto-estima. É importante os pais não olharem apenas como ‘coisa da idade’. Às vezes, é preciso tratamento."
Pensando nesses temas, a terapeuta australiana Shushann Moysessian resolveu fazer uma espécie de ‘manual’ para as meninas. Ela reuniu os principais conflitos de quem já passou dos 10 – mas ainda não chegou aos 15 anos – no livro ‘Puberdade só para garotas’. Segundo Shushann, "o objetivo é mostrar que elas não estão sozinhas na fase em que se sentem tão diferentes".
Só para garotas
‘Puberdade só para garotas’, de Shushann Moysessian, é um ‘manual’ para meninas que passaram dos 10 mas não chegaram aos 15
Integrare Editora
228 páginas
R$ 39,90
Fonte: Jornal da Tarde

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